[Alexandria]

[Leia ouvindo "Alexandria" - Tiago Iorc]
[Sim, a jovem poeta iniciante continua ignorando Rilke e escrevendo besteiras sobre finais, etc e tais]

          Eu te li. Mas como num conto de Lovecraft ou Edgar Alan Poe, eu não consegui antecipar seu desfecho. Eu viajei nas suas entrelinhas, Fiz a sua sintaxe narrativa, uma análise crítica, viajei nos teus verbos intransitiveis, li e reli suas metáforas e metonímias e juro por Deus que eu não sabia que o seu capítulo final me faria implorar por uma catarse. Ou por um deus ex-machina - O que viesse primeiro. 
           Eu me enganei quando pensei que você era leve. Que era feito suspiro, desmanchando na boca, fácil de engolir. Meu bem, você era brasa. Brasa ainda ardendo sempre que eu colocava na boca. Não sei como eu ainda não cuspo fogo feito dragão. Eu devia ter prestado atenção no seu resumo, sua resenha critica. Eu devia ter lido a sua bula. Talvez eu devesse ter me atentado ao seu gênero e descrição. Eu pensei que seria uma comédia romântica, talvez um filme de ação ou mesmo um filme Cult. Mas você era um drama. Um filme de suspense e terror psicológico. Sempre me suspendendo nos seus próprios abismos.
           Eu te guardei numa das bibliotecas de Alexandria. A brasa que você vivia cuspindo ia te ajudar a queimar junto com os livros. Você deveria ter sido considerado proibido. Um livro recolhido. Sumido. Ninguém deveria querer te abrir. Mas livros mal compreendidos são tão atrativos. Por que será? A gente acaba se apegando ás palavras pesadas que saem deles ao invés de ir atrás de uma literatura mais leve. Os textos viscerais me consomem e eu acabo deixando. Parece um masoquismo. Eu devia era estar por aí lendo poesia. Quer saber? Acho que é o que vou fazer agora. 
            

Comentários

Postagens mais visitadas