[NÔMADE]
[Leia ouvindo "Je Veux" - Zaz]
Quando fizeram eu me sentir qualquer coisa que não inteira, não chorei. Fiz as malas, peguei minha escova de dentes e a minha boa vontade. Calcei bons sapatos, daquele bem confortáveis, e parti dali para sempre.
Andei por vários becos, fui guiada pelo instinto e pelo mapinha que arranjei na farmácia, que foi inclusive o primeiro lugar em que passei, pois eu precisava de curativos e anti-inflamatórios. Partir - Mesmo que de lugares que não te fazem bem - acaba te machucando e criando feridas cheias de pus na sua pele. Quanto a isso, não tem muito o que fazer.
Me tornei uma espécie de nômade até achar um apartamento longe de tudo mas com uma boa vista. Mobilhei o apê, pintei as paredes. Ao invés de me desdobrar para caber em lugares apertados demais para mim, lugares que não me permitiam inteira - de bagagem e tudo, resolvi que iria passar a hospedar ao invés de ser hóspede. Preparei um quarto, estendi um tapete de "bem vindo" na entrada e escancarei a porta. Bem vindo para ficar, a vontade para sair. É uma frase de efeito e cliché que funciona bem se você parar para pensar bem.
Recebi algumas visitas. Algumas inesperadas, outras apressadas ou tímidas. Tive até que expulsar algumas. E vou te contar, foi melhor do que vaguear por aí sem teto tentando caber em lugares pequenos demais para mim.
Quando fizeram eu me sentir qualquer coisa que não inteira, não chorei. Fiz as malas, peguei minha escova de dentes e a minha boa vontade. Calcei bons sapatos, daquele bem confortáveis, e parti dali para sempre.
Andei por vários becos, fui guiada pelo instinto e pelo mapinha que arranjei na farmácia, que foi inclusive o primeiro lugar em que passei, pois eu precisava de curativos e anti-inflamatórios. Partir - Mesmo que de lugares que não te fazem bem - acaba te machucando e criando feridas cheias de pus na sua pele. Quanto a isso, não tem muito o que fazer.
Me tornei uma espécie de nômade até achar um apartamento longe de tudo mas com uma boa vista. Mobilhei o apê, pintei as paredes. Ao invés de me desdobrar para caber em lugares apertados demais para mim, lugares que não me permitiam inteira - de bagagem e tudo, resolvi que iria passar a hospedar ao invés de ser hóspede. Preparei um quarto, estendi um tapete de "bem vindo" na entrada e escancarei a porta. Bem vindo para ficar, a vontade para sair. É uma frase de efeito e cliché que funciona bem se você parar para pensar bem.
Recebi algumas visitas. Algumas inesperadas, outras apressadas ou tímidas. Tive até que expulsar algumas. E vou te contar, foi melhor do que vaguear por aí sem teto tentando caber em lugares pequenos demais para mim.
Deveria haver um lugar onde a vida segue. Um lugar onde o amor não cegue. Nem meu, nem seu. Apenas um lugar onde pudéssemos nos encontrar e comer uma torta, rir, amar, viver. Não quero paredes pintadas. Capacho de boas vindas. Não quero ser hóspede, uma visita.
ResponderExcluir(leia escutando Universo em teu corpo - Taiguara)
ResponderExcluirO mundo é sempre mobília velha. É casa de aluguel de senhorio entraria. Nascemos para viver no outro, no que nos ama e que também amamos. Por isso é tudo tão sombrio e tóxico quando não estamos amando.
E qualquer dia desses eu levo o vinho e você traz o seu sorriso, ou pelo menos a disposição de sorrir, que os motivos para ele surgir a gente descobre juntos.
Mas me conta: que tipo música você gosta?
*Senhorio ingrato (maldito corretor)
ResponderExcluirAdoraria ouvir algumas histórias suas, bem como conhecer esse seu bolso sempre cheio de sonhos e palavras.
ResponderExcluirSempre que vejo alguém falar sobre poesia, me lembro de Fernando Pessoa em Autopsicografia. Será que fingimos entender a dor ou será que a reescrevemos com nossas próprias experiências a dor fingida dos poetas? Talvez a poesia não esteja nos versos, mas nas pessoas, e a grande habilidade dos poetas é saber ler as pessoas. Se for assim, você é poesia,doce, suave, assassina de peixes e de amores, mas tão bela e cativante que faz com que queiramos sempre mais um pouco de você.
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.