[Fronteira]

[Leia ouvindo "Breath Me" - Sia]
[Mais uma vez, eu juro que está tudo bem]
[É um texto péssimo, que fique claro]



        Eu tenho andado por alguns becos por aí. Eu sei que não faz muito sentido dizer isso. E eu sei que você já deve estar cansado dos meus versos não ensaiados, frouxos, largados. Eu ainda sinto a necessidade de dizer como eu estou ferradamente triste sem ter que usar verso e metáfora. Quero gritar aos quatro cantos do mundo: Eu estou ferrada e completamente triste. Acho que o Drummond me entendia. E acho que o Adam cantou aquela música pensando em mim. Igual o Kurt Cobain. Como eu queria ser o Kurt Cobain neste momento. Ora vamos, eu sei que não teve graça. Mas se você se identificou deve ter esboçado um meio sorriso no canto da boca.
        Eu não sei. Eu acho que no fim é isso. Eu morro de medo de viver. Morro de medo de amar. Morro de medo de me jogar para viver essa vida mal paga só para chegar no céu ou no inferno ou em lugar algum. Já imaginou o que poderíamos fazer se hoje fosse o último dia? Eu provavelmente andaria descalça por aí sendo guiada por bobos e xingando quem quer que passasse por mim. A vida me assusta. A morte não. A morte eu ainda não sei o que é exatamente. O problema da vida é que o sentido já foi descoberto e é só isso: Vida. Reação química, estímulos e resposta. Regada a poesias tortas e um bom vinho para dar um toque de torpor. É por isso que fazemos arte. Queremos representar o caos ao nosso redor e o que está por dentro te oxidando. Viver assusta. por que eu sei exatamente o que vai ser. Não quero parecer absurdista ou niilista ou sei-lá-o-que. Mas é que viver me assusta e me deprime e eu queria ter uma língua afiada para falar disso sem desmoronar.
         Não sei se você já andou por becos por aí ou se repousou a cabeça em braços amigos depois de horas e horas sendo andarilho. Não sei se já beijaram seus olhos ou se já te fizeram de casa de pensão. Não sei se você já se hospedou em algum coração por aí afora. Já se sentiu estranhamente sozinho e completo? E sabe qual é a sensação? De estar se sentindo cheio e do nada vazio? Já dançou na chuva e se sentiu invencível e depois quando se secou se sentiu estranhamente desolado? Não faz sentido para você, não é? Para mim faz.
          Eu não sei, a vida não faz muito sentido para mim. E é aí que eu entendo Lima Barreto e o seu não lugar. Daí eu entendo o motivo de Augusto dos Anjos ter ido para lá com apenas trinta anos. Será que eles me receberiam no não lugar? Eu teria que fazer trinta anos para chegar até lá ou teria que deixar de ser uma poetinha de quinta para virar uma poeta menorme? Eu juro que não sei.
          Eu sei que tem muita coisa para fazer. Tem muita coisa para pensar. Muito buraco para encher. A vida não muda. É o que tem que ser. E graças a Deus pelos entorpecentes - principalmente a música e a poesia. Eu não sei. Não me sinto em lugar nenhum e ao mesmo tempo de algum lugar. Eu não entendo essa dicotomias. Deviam fazer uma cartilha explicando. Devia mesmo era ter um aviso no útero: Cuidado, o prêmio dessa corrida é a vida. Eu teria dado meia volta por ali mesmo. Eu não sei. O não existir parece ser atraente as vezes. Vamos, cadê o seu humor? 

Fron.tei.ra
-Limítrofe
-região de separação entre um sistema físico e a sua região externa.
-termo, limite
-limite que demarca um país e o separa de outro
- um passo antes do destino final

[Eu avisei]

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