[Desamar]

[Leia ouvindo "La Vie En Rose" - Zaz]
[Eu ainda preciso falar de desamores]

        Me fita com estes olhos que teimam em mudar de cor. Me fala das catástrofes que eles veem, se senta do meu lado, pegue um vinho, me dê seu melhor sorriso. Me desmorona. Daqui você parece um brasiliense melhor. Por mais que seus dedos teimem em escorregar em cima de seus óculos que sempre teimam em deslizar pelo seu nariz. Faz com que os seus olhos fiquem bem cobertos, mas ainda assim sabem me fitar bem. Me fita com estes olhos que teimam em mudar de cor e que sabem me remontar. Remonta as minhas estruturas e me explica o tom de castanho que tem o meu olho. Me explica que tom é esse que vê um mundo tão pessimista e que vê o seu olho que fita um mundo mais bonito e me fita ao mesmo tempo. Me tira para dançar e sorria durante o caos. Não quero um amor eterno e convencional. Ele pode durar por anos ou por meia hora - Desde que seja uma meia hora bem gasta. Sou viciada em desamores e em desmoronamentos. Escolhe uma cor para se pintar de mim e vamos desmoronar algumas convenções. Arreganhe a porta para eu entrar e sair quando me apetecer. Eu gosto desse desassossego. Eu espero que você goste de brincar de caos e de dançar na chuva descalço. Espero que me ache tão apaixonante quanto eu acho apaixonante versos bêbados tropeçados na rua. Espero não ser presa por gritar e por amar demais em meio a uma calamidade pública. Estamos sobre aviso! É um período crítico. Mas espero que o efeito borboleta que proporcionou este furacão seja gentil com você como tem sido comigo neste entre e sai de gentes, de vida. Nessas entradas e desencontros. Espero ainda fracassar em amar certo muitas vezes antes de ir dançar sobre a fogueira de um amor torrencial. Espero poder gritar e desamar como que num fluxo constante de consciência. Falando nisso, espero estar de consciência limpa para amar e desamar conforme me apetecer. Sou viciada em amar e desamar, verdade seja dita! Espero que meu coração peregrino encontre a instalagem definitiva depois de tantas andanças nestes quatro cantos do mundo. Espero não fracassar nos amores imperfeitos que se abrem e se murcham como numa primavera outônica. Quero ainda chorar, gritar, sapatear, dançar, como se não temesse o sucumbir do mundo. Nos meus muitíssimos termos, ainda se encontram os desejos das paixões avassaladoras que se perdem em mim e me fazem perder o sono e fazem o meu sono perder o sentido. É, a perda tem a sua poesia; bem como longas listas de termo, listas de prós e contras, listas de incumbências vomitadas no papel.

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