[Nados]

[Leia ouvindo "All Of Me Wants All Of You" - Sufjan Stevens]
[É mais um texto clichê de uma pseudoescritora tentando superar mais um coração partido]
["Aprendam com o meu fim infeliz: cuidado com os desmaios e com os desfalecimentos" - Mansfield Park 1999]




Teresa Oaxaca


        Esses dias eu pulei no lago e ele estava congelando, mas eu não me importei porque naquela noite uma estrela brilhou e era o dia da Super Lua e eu pensei em você. Eu lembro que eu saí rápido para não ficar hipotérmica e o vento soprou gelado no meu corpo molhado, mas não me importei. Naquela noite eu bebi licor de cereja e deixei a cabeça flutuar para um lugar melhor. Eu girei, dancei e levei a sério os inúmeros conselhos de Fanny Price sobre não desfalecer. Eu peguei um resfriado depois disso que me rendeu duas semanas de febre e espirros e garganta inflamada, mas eu estava, na verdade, bastante ansiosa para a próxima vez em que eu mergulharia fundo em uma água gelada embaixo da luz da lua. 
        Quando eu te conheci, a lua estava minguante e o sol se aproximava de Áries e não havia nada de bonito para ver ali. Só a sua cara boa e a fumaça que pendia da sua boca. Mas eu não me importei. Eu sempre gostei de mergulhar quando me apetecesse, mesmo que as condições meteorológicas fossem desfavoráveis. E eu dancei com você por um tempo. Fizemos uma bagunça nos remontando e brincando de nos encaixar um no outro. E você parecia estar fora de órbita quase o tempo todo, o que me ajudou a sair do meu eixo de rotação para entender o seu. E naquela vez, eu simplesmente desmaiei, desfaleci e bebi uma garrafa de vinho que estava no meu alcance. E nadamos no lago fingindo ser donos do mundo. Eu te contava histórias inventadas e você fingia que as levava a sério enquanto brincava de ser Edward Albee. Brincamos por um tempo na nossa bagunça inventada. Cheia de gargalhada e lágrima. Éramos pura epifania e viramos o reflexo um do outro nesse meio tempo. 
         Eu fugi de dentro de você para não ficar hipotérmica. Por mais que fosse divertido mergulhar no escuro e quase conseguir flutuar com a barriga para cima, eu precisava. E eu senti o vento me cortar, gelado, quando fiz isso. E eu fiquei de cama por alguns dias meio moribunda: a garganta fechada e uns tantos graus de febre. Mas não faz mal; eu mergulharia em você de novo se precisasse refazer o caminho. 
      Eu sempre fui de mergulhos e dada a amores gelados - às vezes por puro ócio ou por pura diversão. E tenho deixado tantos amores inacabados pelo caminho, às vezes mal enterrados em criptas mal fundadas. Eu só espero que nenhum amor venha atrás de mim para puxar meu pé enquanto eu estiver dormindo. Especialmente você. Mas eu não sei. Talvez eu faça tudo de novo. 
                 

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