Caos

       Eu nasci do caos. Como uma bruxa surgindo do limbo e brincando com as labaredas da fogueira. A minha mente sempre foi inquieta; O meu coração dissimulado amava mais do que aguentava; E o meu pobre espírito sempre fracassava em entender toda essa bagunça insistente.
       Eu criei trinta universos a tinta e não dominei nenhum. No papel, eu era mais do que bruxa: Era deusa, era infinita, mandava e desmandava num segundo. E acima de tudo eu era livre! Livre para tratar as palavras com a magia que elas mereciam! Livre para escrever feitiços a caneta permanente. Livre para gritar o "Haja Luz" e calar todo o caos. E completamente livre para apertar um botão e explodir os trinta universos de uma vez só.
        E foi assim que eu me dominei. Usando o lápis como uma varinha de condão. Adiando pontos finais e antecipando parágrafos. Escrevendo orações curtas e (muitas vezes) cheias de dessignificados. Dentro de mim, a matéria e a antimatéria borbulhavam. Os meus buracos negros pararam de sangrar. As minhas nebulosas ficaram mais visíveis no meu céu. os milhares de planetas implodindo e explodindo. Os meus átomos se chocando uns com os outros.
         Esse era o meu próprio caos... Ah! Era tudo que eu precisava...


-Gabriela Lopes

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