Os milhares sóis

                        Tenho assistido o Sol nascer toda manhã essa semana. Eu chego antes das sete na escola. Ainda está escuro, subo para o terceiro andar, vou para a varanda/sacada e o espetáculo começa: Os raios começam laranja onde a cor azul escura beija os prédios e as casas. Daí ele se expande invadindo aos poucos esse azul. As vezes o céu vai clareando em tons de rosa e roxo. Em geral assisto a tudo isso ouvindo uma boa trilha sonora - pelo menos até alguém me interromper - E cara, cada nascer do sol pede um som diferente: depende dos dias e das cores.
                         Isso me faz pensar na quantidade de vezes que ele nasceu e eu não vi: uma vez por dia, sete dias na semana, quatro semanas por mês, 12 meses por ano, por 16 anos. E pasmem: Nenhum deles foi igual. Em parte porque os tons teimam em ser diferentes todos os dias e em parte por causa da teimosia da terra de se mover e fugir do Sol. Acho que as pessoas são como esse céu.
                         Pecamos por achar que as milhares de pessoas, chegando e saindo desse mundo louco, seguem um padrão. Mas as pessoas, assim como o céu, vêm em cores. Ás vezes em um laranja vivo e incendiário; outras vezes em um leve dégradé em cores frias; as vezes elas chegam em tons de grafite, em preto e branco. E cada um ama e é amado de uma forma, mesclando todas essas cores. Sem se preocupar com a estética ou com a lambança promovida pela mistura: o importante é que nascemos para sermos amados.
                         Infelizmente o horário de verão já acabou, e com ele acabou também a minha uma hora mais cedo para contemplar a vida começando pela minha varanda/sacada. Ainda bem que eu tenho muitos sóis, que tornam o meu céu mais colorido.



                                                                                                          Gabriela Lopes

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