O que toda pele esconde

                A  cada dia que se passa, mais me surpreendo com as pessoas. É incrível como você pode conhecer alguém a vida inteira e não saber (ao mesmo tempo) absolutamente nada sobre ele. Costumo dizer que nos escondemos por baixo do maior órgão: a pele. E essa pele nua, crua, é enfeitada por nós com sorrisos, maquiagem e até lágrimas. Escondemos o nosso coração por baixo da pele, derme, epiderme. Nos guardamos em um canto dentro de nós mesmos e não permitimos que ninguém entre e, tampouco, que saiamos. Por fim, estamos sempre sozinhos. perdidos dentro de nós mesmos.
              E como falamos besteiras! Todos os dias mutilamos e somos mutilados por ações. Será que é tão difícil ser gentil? E por que não conseguimos manter as pessoas próximos a nós? Será que nos saturamos delas? Ou simplesmente começamos a ignorar tudo dela quando ela finalmente começa a mostrar o que tem por baixo da pele? Por que diabos somos tão complicados? Talvez por isso tenham inventado a droga da matemática: números complexos e cálculo dois se tornam besteira quando colocados ao lado dos perfis psicológicos de quem nos cerca.
              Queria ter um manual de pessoas. Os seres humanos são tão peculiares: magoam, são magoados, guardam rancor, decepções, medos, angústias... Para onde tudo isso vai quando transborda a alma? Bom, quando isso acontece, a pele grita, ela está perdendo sua função de máscara (não, não está tudo bem) e as represas dos olhos se rompem. É surreal pensar que alguém vomita para assimilar os problemas, ou que se corte, ou beba, ou fume... ou escreva. No final de contas, agressores e agredidos, estamos todos no mesmo barco tentando sobreviver a mais um dia. E tentando a todo custo, manter as máscaras. Que outra opção teríamos?
                                                                                                       -Gabriela Lopes

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