[Carta aberta para ela]

[Não tem música para esse texto, pois é um texto de despedida]

[Começo essa carta como um martelo que acerta pregos numa caixa de Pandora. Coloco os pingos nos is e corto todos os tês faltantes]

    Começo com um agradecimento, meu amor, porque quero encerrar com adeus. Agradeço pelos dias desperdiçados comigo. As brincadeiras de boneca, as madrugadas conversando noite afora, as histórias censuradas porque éramos de menor e todas as participações especiais que você fez estrelando meus momentos. Obrigada pela blusa que você me deixou escolher porque queria me dar um presente com seu primeiro salário. Obrigada por ter aberto as portas para que a minha voz alcançasse os outros. Obrigada pelas caronas de quando você começou a dirigir. Obrigada por me ensinar a rir de mim mesma e por ter deixado eu colocar um milhão de batatas fritas na sua boca só porque queríamos ver quantas cabiam.
    Aprendi com você que ninguém tem direitos adquiridos pelo sangue ou coisa parecida; o amor não é obrigação nem quando parte da família. Ter acesso a alguém e amar nada mais é do que um privilégio. Acho que já não me dói mais sentir a sua falta. 
    Obrigada por ter me dado cobertura. 
    Sobretudo, obrigada por me desobrigar a amar você. 

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